O mês de abril marca o início da campanha Abril Azul, mês de conscientização sobre o autismo e do espectro autista como um todo.
Muitas vezes diagnosticado ainda na infância, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) se caracteriza, principalmente, pela dificuldade na socialização, comunicação e por comportamentos repetitivos/restritos. Conhecido também pela variedade com que pode se apresentar - por vezes com padrões completamente diferentes entre os casos- , o TEA é uma condição altamente diversificada e complexa, que não possui cura, mas que pode ser tratada a fim de amenizar os sintomas.
A falta de informações acarreta preconceitos na sociedade que muitas vezes podem impedir o autista de ter acesso ao devido acompanhamento. Assim, com o início do Abril Azul a partir da próxima semana, é importante ressaltar a extrema importância de tratamentos como a terapia ocupacional e a mediação escolar na vida de crianças autistas, e como o Brasil ainda pode - e deve - melhorar a forma que as enxerga e trata.
A mediação dentro de sala de aula, por exemplo, é assegurada por lei, no Brasil, desde 2012, sendo necessária a comprovação de necessidade de um tutor (mediador) por meio de laudo médico. Consiste na elaboração de estratégias de ensino adaptadas ao aluno autista para que ele consiga superar não apenas as dificuldades na aprendizagem, mas o relacionamento entre a criança e todos ao seu redor como um todo, sendo o mediador o profissional responsável por fazer essa ponte. A mediação deve ser pensada a partir da colaboração entre o mediador e os professores, se adaptando às necessidades de cada criança.
Apesar de garantida por lei, a mediação no Brasil está longe de ser um direito assegurado a todos, principalmente por conta dos problemas estruturais do sistema de ensino público do país. “Se pegarmos as leis e diretrizes da educação especial na educação básica, vemos que o atendimento é obrigatório, assim como a especialização dos professores. Porém, na realidade não existe nenhum acompanhamento, e, quando solicitado, demora muito tempo até enviarem um mediador”, explica Adria Assis, professora de educação infantil.
Além dos problemas de infraestrutura, outro grande problema que interfere diretamente no tratamento de crianças autistas é o preconceito muitas vezes cometido por profissionais da saúde e educação quando estes deveriam acolher e assistir. “No começo foi devastador, eu recebi o laudo e me disseram que eu deveria aposentar meu filho e que ele não passaria dali”, conta Glenda Gomes, mãe de Ricardo, 13, diagnosticado com 5 anos de idade. Empenhada em entender a condição do filho, Glenda buscou ajuda profissional especializada, além de fazer um curso de mediação para crianças especiais. “Ele fez terapia ocupacional ‘pra’ aprender a usar o banheiro, a escovar os dentes, por exemplo, o que foi fundamental no início do tratamento.[...] ‘Pra’ gente pode parecer banal, mas pra mim, que sou mãe de um autista e que sabe das limitações dele, é uma conquista muito grande”, conta Glenda, orgulhosa.
No Amazonas, ONGs como a Mãos Unidas Pelo Autismo (MUPA) e a Associação de Amigos dos Autistas (AMA) possuem papel fundamental na conscientização da população sobre o autismo e no processo de inclusão social dessas crianças, informando e fornecendo, na medida do possível, o acompanhamento psicopedagógico àqueles que não conseguiriam ter acesso.